quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

A sina dos degenerados


Dorother observava a nova obra de sua cria com muita perplexidade.
"Quero ser um turco sarnento se isso for uma pintura renascentista"
O quadro retratava o dia a dia em um bordel parisiense, meretrizes oferecendo seus dotes a velhos e jovens marinheiros, aristocratas e artesãos, as paredes eram de um marrom horrível e as cortinas tão vermelhas que chegavam a ferir os olhos, pouco a pouco ele começou a identificar as figuras, o velho gordo em trajes de nobre era Haringoth, arcebispo de Frankfurt, a meretriz em seu colo era Maugham, alta sacerdotisa gangrel, o marinheiro que dançava sobre a mesa com uma garrafa de vinho em cada mão era Yorrance, mestre de koldunismo e embaixador das terras do leste, e a mulher escondida atrás da cortina com uma adaga prateada era Bertha, ductus do bando do cálice e da cicatriz.
Era horrivel, simplesmente horrível, era vergonhoso imaginar que sua cria tenha pintado algo tão estupidamente amador, simples, fútil. O que agravava a situação era que não só esse, mas cada um dos ultimos 23 quadros de Yorrlov eram do mesmo nível de incompetência.
Havia algo errado, isso era um fato.
Quando Dorother o encontrou, pintando a santa ceia com os dedos na praça das nações, há quase 15 anos atrás, ele achou que tinha encontrado o mais talentoso de todos os mortais, por meses ele observou o trabalho de Yorrlov com a mais absoluta perplexidade, quando chegou a hora do abraço Dorother sentiu um extase tão grande que imaginou que se a Gehenna viesse e os antediluvuanos o devorassem ali mesmo, ele morreria feliz.
Semanas depois ele percebeu que estava tremendamente enganado, após o abraço Yorrlov se tornou, na melhor das hipóteses, um artista medíocre.
Havia algo errado, algo muito errado, pena que Dorother estivesse deprimido demais para tentar descobrir a solução desse misterio.
Yorrlov voltaria de Berlim na semana que vem, e mais uma vez Dorother teria que fingir que amou a obra , que a achou bela e profunda, e que com certeza sera lembrada pelas gerações futuras como uma das mais belas obras produzida pelos mortos.
Dorother podia ter todos os defeitos do mundo, mas ele jamais iria destruir outra cria.

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