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segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

O espelho do mago - Ato 1

Uma pequena história sobre um favor prestado a alguém que não pertencia ao sangue e a interação entre meus Lasombra e meus Malkavian, em três partes









Sou movimento, oblíquo e inconstante.
Mergulho minha Forma Espelhada na realidade primária. Um corpo a quem pertence minha vontade. Penso, manifesto, faço-me carne.
Encontro-me em um lugar enlouquecido. Sons mecânicos ecoam por corredores amarelados que cheiravam a urina e inconstância. Uma presença quase-morta me acolhia. Um eco jovem,um sussurro de consciência mordiscando a mortandade.
Deslizo por salões inquietos. Em meu caminho, mortais em vestes brancas tremem de pavor. Um coração para em algum lugar. Eles são cegos a minha presença, mas ainda conseguem me sentir.
Alimento-me de pensamentos fragmentados e absorvo horrores escondidos em mentes  oprimidas. Vejo nomes de poder e manifestações mesquinhas de ego e pretensa razão.
A vastidão quimérica do labirinto de corredores me absorve. Mil aromas alienígenas me cegam e chamo o poder para encontrar o caminho.
Em meu peito podre pulsava a fome e a dor corpórea. Eu já não mais sabia andar com a graciosidade de outrora, não mais sabia caçar aqueles do sangue que me serviam de verdadeiro sustento. O preço pelo invólucro de carne era alto.
Enfim encontro o quarto do escolhido. Atravesso o beiral da porta aberta e sou surpreendido pelo choque da aura.
Ele estava lá, pequeno e ossudo. Um garotinho, não mais velho do que Aquela que me é preciosa   era no dia em que a trouxe para a noite. Era pálido, fétido e doentio. Não tinha cabelos e sua pele purulenta parecia estar desgrudando da face. Nos cantos da boca, feridas oleosas e vermelhas se faziam presentes. Estava sobre uma cama imunda em meio a fezes e restos de comida.Um dos olhos era branco e oleoso, o outro era cinzento e semicerrado. Estava morrendo e por isso podia me contemplar.
“Você é o diabo?” Disse a voz errática da criança. Ele não tremia e não dava sinais de que desviaria o olhar. Me aproximo e ele não recua.
“Eu sou Derek e empunho o cetro do rei do firmamento, e ajo em seu nome. Sou Lasombra, rimador da hora tardia e sacerdote do fim de tudo.” Respondo em um tom mental que só os despertos sabiam ouvir. Tento mover meus lábios, mas já não me recordava do processo que formava palavras em carne.
 Eu tinha tanta fome.
“O que quer de mim? Eu juro que não fiz nada” A sobrancelha do olho vazado e os joelhos se levantam. Ele abraça as pernas e apóia o queixo nos joelhos.
“Eu venho em nome do avô de teu avô, que uma dia foi meu aliado. Tenho um dever a cumprir com aqueles de sua descendência.”
Rugidos metálicos ao longe, gaiolas se abrindo e animais regojizando. Uma luz vermelha piscava. Um coração pulsava pela ultima vez. Sangue ralo e sujo era derramado, não longe de mim.
“E...eles vão vir me pegar. Va-Vão  me machucar e e-eu não q-q-quero” A criança chorava agora. Ela não cheirava a medo ou desespero, só mágoa e ódio.
“Você esta desperto. Eles não podem te ferir. A carne é só uma casca.” Minhas palavras não surtiam efeito. Não fosse ele descendente de Tethanon, eu violaria seus pensamentos e o forçaria a entender. Mas eu não podia. Sua mente estava ferida e além do meu alcance.
“E-eu...eu não posso fugir, não tenho pra onde fugir” Negação. A condição natural da mortalidade
“Você não esta preso. Não existem paredes além dos espelhos, e os espelhos se curvam diante daqueles que olham para si mesmos. Não existem muros ou portas ou grades, olhe-se no espelho e entenda o caminho.”
Minhas palavras finalmente o tocam. Seu rosto se levanta e pende para os lados como se estivesse solto do pescoço. O olho bom gira para trás e a língua, suja e fibrosa, escapa pelo canto da boca. Ele baba antes de começar a rir histericamente e ouço passos se aproximando.
“MAS...O ESPELHO...ESTA QUEBRADO”



Continua.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

A sina dos degenerados


Dorother observava a nova obra de sua cria com muita perplexidade.
"Quero ser um turco sarnento se isso for uma pintura renascentista"
O quadro retratava o dia a dia em um bordel parisiense, meretrizes oferecendo seus dotes a velhos e jovens marinheiros, aristocratas e artesãos, as paredes eram de um marrom horrível e as cortinas tão vermelhas que chegavam a ferir os olhos, pouco a pouco ele começou a identificar as figuras, o velho gordo em trajes de nobre era Haringoth, arcebispo de Frankfurt, a meretriz em seu colo era Maugham, alta sacerdotisa gangrel, o marinheiro que dançava sobre a mesa com uma garrafa de vinho em cada mão era Yorrance, mestre de koldunismo e embaixador das terras do leste, e a mulher escondida atrás da cortina com uma adaga prateada era Bertha, ductus do bando do cálice e da cicatriz.
Era horrivel, simplesmente horrível, era vergonhoso imaginar que sua cria tenha pintado algo tão estupidamente amador, simples, fútil. O que agravava a situação era que não só esse, mas cada um dos ultimos 23 quadros de Yorrlov eram do mesmo nível de incompetência.
Havia algo errado, isso era um fato.
Quando Dorother o encontrou, pintando a santa ceia com os dedos na praça das nações, há quase 15 anos atrás, ele achou que tinha encontrado o mais talentoso de todos os mortais, por meses ele observou o trabalho de Yorrlov com a mais absoluta perplexidade, quando chegou a hora do abraço Dorother sentiu um extase tão grande que imaginou que se a Gehenna viesse e os antediluvuanos o devorassem ali mesmo, ele morreria feliz.
Semanas depois ele percebeu que estava tremendamente enganado, após o abraço Yorrlov se tornou, na melhor das hipóteses, um artista medíocre.
Havia algo errado, algo muito errado, pena que Dorother estivesse deprimido demais para tentar descobrir a solução desse misterio.
Yorrlov voltaria de Berlim na semana que vem, e mais uma vez Dorother teria que fingir que amou a obra , que a achou bela e profunda, e que com certeza sera lembrada pelas gerações futuras como uma das mais belas obras produzida pelos mortos.
Dorother podia ter todos os defeitos do mundo, mas ele jamais iria destruir outra cria.