sábado, 14 de janeiro de 2012

Adalbrecht, ato IV: Um sonho no abismo da mente.

 Era um pesadelo. Isso não podia existir, não devia existir.

Aguentei com toda a minha força a vertigem, minha mente se contorceu e o pouco que restava de minha vontade cedeu. Eu cai e deixei a inconsciência me levar.

A paz do sono de morte. O torpor silencioso no mar de trevas da consciência. A eternidade na meia noite.

O devaneio onírico me leva ao cerne da tempestade da mente. Um sonho, sim, um sonho no escuro.
Eu não tinha corpo ou memória. Eu caia e caia. Eu não tinha nada.

Em mais de um momento senti a força de uma presença alienígena e antiga sobre minha mente. Algo que procurava pelo nada que eu era, pelo nada que eu seria para todo sempre.

Eu quis gritar em um único momento. Que foi quando me recordei da lição.
Não há verdades ou mentiras no abismo. Somente a escuridão.

Por quanto tempo eu cai? Será que aqui existe tempo?

"Não – aqui é uma terra de imortais, uma terra de seres mais antigos do que o tempo."

A voz soou como um trovão e um golpe de martelo. Doía. Doía muito saber que eu não estava sozinho em meu sonho.

Eu queria gritar e implorar para que a coisa devolvesse meu corpo e minha memória. Mas isso não ia acontecer. A queda continuava e o ser monstruoso era alheio a minha tormenta.

Tudo ali era alheio a mim. Eu não era mais nada.

Então eu finalmente compreendi a lição. Não significamos nada para o abismo. Todos nós não somos nada senão suas eternas crianças.

Eu acordei.

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