quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

A história do amor dos mortos: Um breve preludio para os séculos de danação.

Olá leitor. 
Primeiramente, peço perdão pela ausência de postagens. Determinados assuntos do coração (assuntos não médicos do coração) tem me mantido distante da caneta e do caderno. Venho aqui postar o início de uma nova história, que surgiu como um teste a minha habilidade e uma declaração há uma pessoa querida. 
Eu queria escrever um romance entre um vampiro e uma mortal que conservasse todo o horror e a mítica inerente de nosso amado RPG, e acredito que o que vou postar a seguir é um ótimo início. E o vampiro? Bem, ele não brilha, ele mata, ele profana, ele destrói. Ele também é egoísta e orgulhoso ao extremo. E ele esta apaixonado.
Nos últimos anos tenho encontrado uma dificuldade absurda pra personagens que seguem a trilha da humanidade (pois é...), esta é mais uma tentativa.
E a garota?
Não sei bem, não sou eu que estou desenvolvendo a história dela.
Sim - o desenvolvimento desta história será uma obra em conjunto com uma amiga querida. Que alguns de vocês sabem quem é. Outros não. Eu não ligo.

Confira o inicio da história dela aqui.

Agora, a pergunta que muitos tem me feito nos últimos dias. Em algum momento eu terminarei uma de minhas histórias?
É bem possível, mas não tenham pressa. Eu particularmente não tenho. 
Boa leitura.

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Há quinze anos atrás, o vampiro se sentiria extremamente culpado em executar o plano que sua mente concebeu.
Afinal de contas, o que sobrava para aqueles como ele, além da culpa?
Ele envolveu-se no manto da ausência com o cuidado habitual, e com deliberada lentidão aproximou-se de sua protegida.
Deus – como machucava olhar pra sua forma de criança. Ardia na alma pensar no tempo que ainda os separaria. Mesmo para ele, imortal como todos os malditos, era difícil conciliar a ideia de que uns tantos anos ainda o separavam das caricias dela.
Pacientemente, ele ajoelhou-se ao lado da cama, separando com toda a calma do mundo as infindáveis cobertas de seda. Pela alvura da pele, ele sabia que ela estava faminta – e que esta era apenas uma das provações que ela iria passar até o dia fatídico da vida em morte e da morte em sangue.
Cada um dos cachos dourados tinha a suavidade de uma nuvem brincalhona, e a maneira como estavam dispostos ao acaso fez com que o vampiro imaginasse constelações que ele sabia que ela jamais veria.
O leste longínquo, terra dos demônios que ele chamava de irmãos.
Será que ela gostaria das praças e dos rios congelados de Novgorod? Dificilmente. Lá era tudo tão frio e tão morto que o simples pensamento de expor sua amada aos caprichos dos Voivodes lhe trazia sombras ao sorriso.
Ele observou os lábios finos por um instante, e a besta urrou em seu peito. Seus ombros tremeram e sua consciência cedeu.
Quando ele despertou, levou dois longos segundos para se recuperar do choque obsceno. Seu dedo indicador agora repousava sobre a boca da menina, proporcionando-lhes uma curvatura pecaminosa que lhe enchia de desejo.
“Tão macia. Tão frágil. Como seria fácil me atar mais uma vez ao inferno só pra tela essa noite”
Não - A besta deve ser combatida.
Sua mão tremeu levemente quando ele tentou removê-la, e, em instante de surpresa, a garotinha moveu a língua e massageou levemente o dedo do vampiro.
Por um instante, ele deixou de estar morto. O vagalhão no intimo fez com que suas pernas tremessem e seu coração bateu outra vez. Indefeso perante a carícia, ele fez com que a falange deslizasse pelos lábios de algodão uma, duas, três vezes.
E então ele percebeu que ela estava com os olhos abertos.
Seu coração parou outra vez, e um frio desconfortável e alienígena tomou conta de sua barriga. Ele chamou pelo sangue e moveu-se mais rápido do que o tempo, com um salto exagerado, jogou-se para o outro lado da cama, aterrissando com as trevas e a elas unindo seu corpo. Quando ela não se moveu, ele se lembrou do quão estupido ele era.
Ele havia convocado o manto da ausência. Quais seriam as chances de uma criança sonolenta enxergar além do poder do vitae?
Era um pensamento tolo e desesperador. Vitae.
Será que ela algum dia entenderia as proporções draconianos que separam seus universos? Será que ela o perdoaria pelo beijo rubro que ela receberia em seu leito de morte?
Era inútil pensar nisso.
Morte gera morte, e miséria adora companhia.
Sim – companhia, esta era a ânsia de sua alma solitária. Alguém que conseguisse conviver com a crueldade dos dons de Caim. Alguém que ele pudesse chamar de sua. Alguém que seria como aquela que ele perdeu.

A simples mentalização de sua senhora deixou-o deprimido e abatido. Era hora de caçar.

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