Olá leitor.
Primeiramente, peço perdão pela ausência de postagens. Determinados assuntos do coração (assuntos não médicos do coração) tem me mantido distante da caneta e do caderno. Venho aqui postar o início de uma nova história, que surgiu como um teste a minha habilidade e uma declaração há uma pessoa querida.
Eu queria escrever um romance entre um vampiro e uma mortal que conservasse todo o horror e a mítica inerente de nosso amado RPG, e acredito que o que vou postar a seguir é um ótimo início. E o vampiro? Bem, ele não brilha, ele mata, ele profana, ele destrói. Ele também é egoísta e orgulhoso ao extremo. E ele esta apaixonado.
Nos últimos anos tenho encontrado uma dificuldade absurda pra personagens que seguem a trilha da humanidade (pois é...), esta é mais uma tentativa.
E a garota?
Não sei bem, não sou eu que estou desenvolvendo a história dela.
Sim - o desenvolvimento desta história será uma obra em conjunto com uma amiga querida. Que alguns de vocês sabem quem é. Outros não. Eu não ligo.
Confira o inicio da história dela aqui.
Confira o inicio da história dela aqui.
Agora, a pergunta que muitos tem me feito nos últimos dias. Em algum momento eu terminarei uma de minhas histórias?
É bem possível, mas não tenham pressa. Eu particularmente não tenho.
Boa leitura.
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Há quinze anos atrás, o vampiro se sentiria extremamente culpado em executar o plano que sua mente concebeu.
Afinal de contas, o que sobrava para aqueles como ele, além da culpa?
Ele envolveu-se no manto da ausência com o cuidado habitual, e com deliberada lentidão aproximou-se de sua protegida.
Deus – como machucava olhar pra sua forma de criança. Ardia na alma pensar no tempo que ainda os separaria. Mesmo para ele, imortal como todos os malditos, era difícil conciliar a ideia de que uns tantos anos ainda o separavam das caricias dela.
Pacientemente, ele ajoelhou-se ao lado da cama, separando com toda a calma do mundo as infindáveis cobertas de seda. Pela alvura da pele, ele sabia que ela estava faminta – e que esta era apenas uma das provações que ela iria passar até o dia fatídico da vida em morte e da morte em sangue.
Cada um dos cachos dourados tinha a suavidade de uma nuvem brincalhona, e a maneira como estavam dispostos ao acaso fez com que o vampiro imaginasse constelações que ele sabia que ela jamais veria.
O leste longínquo, terra dos demônios que ele chamava de irmãos.
Será que ela gostaria das praças e dos rios congelados de Novgorod? Dificilmente. Lá era tudo tão frio e tão morto que o simples pensamento de expor sua amada aos caprichos dos Voivodes lhe trazia sombras ao sorriso.
Ele observou os lábios finos por um instante, e a besta urrou em seu peito. Seus ombros tremeram e sua consciência cedeu.
Quando ele despertou, levou dois longos segundos para se recuperar do choque obsceno. Seu dedo indicador agora repousava sobre a boca da menina, proporcionando-lhes uma curvatura pecaminosa que lhe enchia de desejo.
“Tão macia. Tão frágil. Como seria fácil me atar mais uma vez ao inferno só pra tela essa noite”
Não - A besta deve ser combatida.
Sua mão tremeu levemente quando ele tentou removê-la, e, em instante de surpresa, a garotinha moveu a língua e massageou levemente o dedo do vampiro.
Por um instante, ele deixou de estar morto. O vagalhão no intimo fez com que suas pernas tremessem e seu coração bateu outra vez. Indefeso perante a carícia, ele fez com que a falange deslizasse pelos lábios de algodão uma, duas, três vezes.
E então ele percebeu que ela estava com os olhos abertos.
Seu coração parou outra vez, e um frio desconfortável e alienígena tomou conta de sua barriga. Ele chamou pelo sangue e moveu-se mais rápido do que o tempo, com um salto exagerado, jogou-se para o outro lado da cama, aterrissando com as trevas e a elas unindo seu corpo. Quando ela não se moveu, ele se lembrou do quão estupido ele era.
Ele havia convocado o manto da ausência. Quais seriam as chances de uma criança sonolenta enxergar além do poder do vitae?
Era um pensamento tolo e desesperador. Vitae.
Será que ela algum dia entenderia as proporções draconianos que separam seus universos? Será que ela o perdoaria pelo beijo rubro que ela receberia em seu leito de morte?
Era inútil pensar nisso.
Morte gera morte, e miséria adora companhia.
Sim – companhia, esta era a ânsia de sua alma solitária. Alguém que conseguisse conviver com a crueldade dos dons de Caim. Alguém que ele pudesse chamar de sua. Alguém que seria como aquela que ele perdeu.
A simples mentalização de sua senhora deixou-o deprimido e abatido. Era hora de caçar.
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