“Esta feito, minha senhora.”
A templária se levantou. O cabelo negro e liso ainda manchado pelo vermelho do combate. A seus pés, morte e miséria. O bispo havia se provado indigno de sua posição.
Adele acariciava seus próprios cachos cor-de-ouro com a mão esquerda, as maçãs do rosto estavam pálidas pela sede e seu vestido de festa havia sido arruinado, atingido em mais de um lugar pelos fragmentos de uma granada rebatida pelo definitivamente-finado bispo de Stuttgard.
“Sinto-me...vazia.” A pequenina mordeu o lábio inferior delicadamente ao falar. Sua voz baixa pairou como um suspiro pelo estacionamento. Ela encarou as paredes e os carros quebrados e os vidros partidos com pesar.
A cidade lhe era estranha , suja. O brujah despedaçado a seus pés havia questionado o julgamento da Priscus abertamente e por isso havia morrido, mas a vitória não trouxe a Adele nenhuma satisfação.
Algo a consumia já a algum tempo. Um desejo de liberdade que urrava e esperneava e era açoitado mais e mais ferrenhamente a cada noite, a cada rito, a cada movimento nas cortes de sangue.
“Rainha de meu sangue, se é alimento que desejas, o providenciarei” Disse a templária.
Mesmo em pedaços, ela era firme. Sua armadura noturna havia se dissipado no combate. Ela estava nua em sua palidez gloriosa, perfurações rosadas afligiam-lhe o ombro esquerdo e uma das mãos havia sido quebrada , fragmentos amarelados de ossos escapavam-lhe pela palma e os dedos estavam torcidos em ângulos improváveis.
“Não é a fome que me aflige, espada de meu poderio. É a fadiga.” Respondeu a Lasombra, pensativa, caminhando nas pontas dos pés divisando os restos sangrentos do inimigo abatido.
“Nomeie o que desejar, minha senhora, e será feito.” Disse a confusa templária, enquanto reatava os ossos e fazia seu corpo cuspir as ultimas balas.
“Vamos para Munique, minha campeã. Exigirei do velha profeta as respostas que ele me deve. Levante a hoste e convoque meus subordinados, é tempo de levar o martelo e a foice aos aliados de meu sire.”
A ultima palavra foi expelida com pesar. Adele não desejava mais guerra, mais batalhas. Ele não tinha cobiça real por mais poder ou domínios, mas era necessário. Era o caminho que ela sabia trilhar.
“Será feito como ordenastes, minha senhora.” Respondeu a templária inabalável.
.....
O lugar era o nada, e no nada existia uma torre.
Um corvo cego pairava na unica janela e sangue escorria de seu bico.
Quando as gotas tocavam o beiral, as pedras fumaceavam.
O sangue era preto e tinha cheiro de morte.
Dentro da torre dormia um mago feito de carne e sonhos e espelhos e essas coisas de que magos são feitos.
Ele dormia por estar cansado. Por muito tempo o mago fez torres em lugar nenhum e elas nunca foram altas o bastante.
O céu era preto e tinha cheiro de morte.
Em algum lugar no céu havia uma torre.
Na torre, um corvo cego pairava.
...
Continua.
Continua.
Olá, Helton.
ResponderExcluirGostaria de saber onde esse prelúdio continua.
Sim, planejo continuar durante essa semana, Giselle.
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