sábado, 25 de julho de 2015

Noites Inquietas: Um breve prelúdio

Era julho de 1945 e Os Três meditavam no salão de guerra.

Haringoth, Martelo do Norte, vestia sua pesada armadura noturna e repousava
sobre tentáculos de treva. Os três meditavam no conselho de sombras. Sua face era a de um
cadáver pálido e ossudo, ele não tinha cabelos e seus olhos eram fossos negros e
apodrecidos. Ele era um guerreiro de uma nobre linhagem do clã e casa das sombras, e era
o mais jovem ali presente.

Verminal, Mãe de Monstros, carne da danação e podridão da existência, era a manifestação
do sonho de um louco. Ela não tinha olhos, mas tudo via, não tinha braços, mas a tudo tocava.
Ela era uma massa pegajosa de ossos pueris e protuberâncias cancerosas. Havia uma boca em algum lugar
seu corpo, que constantemente sibilava palavras de poder em línguas perdidas. Era velha e cheirava
a sal.

A terceira, pequenina e frágil, era a união de tudo que havia de vil e cruel no mundo.
Adele, campeã das cortes de sangue, filha do Rimador, nobre de sangue e nome. Tinha cabelos
cacheados e dourados, olhos brilhantes e púrpura e trajava um delicado vestido funerário.
Ela morreu quando tinha dez anos, coisa que aconteceu uns tantos séculos atrás.

Ela não projetava sombras.

Ela não sorria.


Haringoth, inquieto, estalou o pescoço em um giro lento e teatral. Quando abriu a boca,
sombras cativas fugiram de seu hálito. "Meus exércitos queimam lá fora para lhe comprar
essa oportunidade, irmã. Não a desperdice."

Sua voz era fria e carregava consigo a força de um clã. Escuridão líquida escorria de
seus olhos e mesclava-se as carnes magras do rosto criando uma pintura mórbida e senil.

Adele, caminhando em linha reta nas pontas dos pés, com os braços abertos, equilibrava-se
em um jogo infantil. "Irmão meu, alguma vez eu falhei em manter minha parte da barganha? A hoste
será levantada uma vez mais, fortalecida pela pureza e força de nosso Sabá. Nós já vencemos. Você verá."

Verminal gargalhou.

Ao longe, algo morria gritando.

 *****

 Andrew era jovem e sofria de terríveis crises nervosas.

 Era também um dos lideres de guerra mais competentes que o sabá já abraçou.

 Ele estava apoiado entre as vigas do teto de  um prostibulo que fora parcialmente destruído durante os bombardeios a Berlim.

Abaixo dele, sete soldados russos violavam uma mulher alemã. O Brujah estava faminto e ferido. Havia sido
atingido por um morteiro no confronto da noite anterior, pouco depois de enfiar as duas mãos
na garganta de seu senhor e abri-la horizontalmente.

Andrew se concentrou na dor e ordenou que ela o deixasse. Esperou por um instante de silêncio e deixou as mãos se soltarem.

Mergulhou e matou.

*****

Ele teve um nome uma vez. Teve também uma família e sonhos e essas coisas que gente tem.

Não mais.

Ele era agora uma parte quebrada da grande verdade. Carne nos caldeirões mentais dos mestres.

*****


As sagradas fogueiras queimavam por toda Alemanha.

Hardestadt havia caído e a torre de marfim agora era uma pálida lembrança de um inimigo
outrora tido como imbatível.

O sacerdote iniciava o cântico, banhado no sangue de mortos inocentes.

"Dagon, noite escura, manta minha, consagro a ti essa vitória, consagro a ti a chama do Sabá, consagro a ti a morte do mundo"

Dagon, morto e enterrado, sorria. O sacrifício era bem vindo e o sacerdote teve seu pedido atendido.


*****


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